Natanael Santos, jovem autor cigano de 25 anos, apresentou no dia 21 de maio a obra “Rumo”, no Centro Cultural Raiano, em Idanha-a-Nova, um livro escrito a partir de Zebreira, neste mesmo concelho.
A obra foi apresentada por Ana Gomes, antiga Eurodeputada, que felicitou o autor por este primeiro trabalho. “O livro não só evidencia o talento do Natanael, mas também as aprendizagens adquiridas ao longo da sua jovem vida, nomeadamente na relação com a sua comunidade [cigana], que é parte da nossa comunidade e não podemos continuar a ignorar ou a discriminar negativamente”, afirmou.
“O livro é admirável não só pelo talento do autor, mas também como ato de coragem. Só por isso já seria merecedor de reconhecimento”, acrescentou Ana Gomes, para realçar a “determinação de Natanael em não se deixar limitar pelos determinismos, mantendo, porém, o orgulho na comunidade em que nasceu”.
Cronista habitual em vários jornais nacionais e em jornais online, Natanael Santos é ativista pelos Direitos Humanos e membro da comunidade cigana portuguesa. No plano académico, é licenciado em Gestão e em Gestão de Recursos Humanos pela Escola Superior de Gestão de Idanha-a-Nova, e mestrando em Gestão de Empresas na mesma instituição.
Na apresentação da obra de estreia, Natanael Santos explicou que “Rumo” é um “grito do Eu face ao senso comum”, que não nos deve impedir “de sermos quem queremos ser”. A mensagem principal do livro, transmitida através da história de um rapaz, é que “mesmo sem sermos egoístas, devemos focar-nos no nosso bem-estar, naquilo que nos faz crescer e evoluir”.
A obra é, assim, uma história de superação e conquistas, com traços autobiográficos.
A apresentação pública realizou-se no Dia Internacional da Diversidade Cultural para o Diálogo e o Desenvolvimento, integrado nas Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril, organizado em articulação com o CLAIM de Idanha-a-Nova.
Para o presidente da Câmara de Idanha-a-Nova, Armindo Jacinto, foi “uma enorme satisfação ver este momento acontecer” e felicitou Natanael Santos pelo seu talento e dedicação à escrita e aos estudos.
“Este livro é um exemplo de que o investimento na educação é sempre um bom investimento, para que jovens como o Natanael tenham a oportunidade de desenvolver as suas aptidões, de serem os empreendedores de amanhã ou fazerem a diferença em diversas áreas”, concluiu.
Por seu lado, a coordenadora das Comemorações dos 50 Anos do 25 de Abril em Idanha-a-Nova, Patrícia Dias, observou que “em nenhuma passagem do livro se diz que o protagonista, um rapaz que vive num bairro social de uma cidade fictícia, é cigano. Esse facto faz-se notar nas limitações físicas e mentais que o personagem tenta superar”. Um sinal do muito que ainda há por fazer na promoção dos valores democráticos em Portugal, apesar dos avanços civilizacionais já conseguidos.
22 de maio de 2024